terça-feira, 18 de maio de 2010

Flexão Lateral no Mermaid: questionamentos!

        Olá, tenho pensado ultimamente na flexão lateral, precisamente o exercício mermaid na cadeira (foto ao lado).
Para começar meus questionamentos: Com qual objetivo realizá-lo? Alongamento? De quê? Flexibilidade para quê?  Onde se encontra o alongamento axial quando realizamos uma flexão lateral até o seu “extremo”? Quebra-se um princípio do pilates?  
Ser flexível é algo muito saudável para o corpo humano. Flexibilidade significa liberdade nos movimentos e regiões menos tensionadas. Nas aulas de pilates, a flexibilidade é um dos benefícios obtidos diretamente, no entanto é importante salientar que nossa vida é feita de fases e nosso corpo também, e assim os níveis de flexibilidade muscular e mobilidade articular evoluem e regridem conforme a idade, estas devem ser respeitadas. O objetivo principal deste post é pensar e falar sobre a mobilidade lateral da coluna vertebral, que como podemos ver na figura acima, é bem grande. E "cutucar" um pouco o assunto alongamento, pois é difícil isolar os assuntos.

 Esta mobilidade pode ser mantida, mas com ressalvas, pois se observamo-nos na idade adulta somos alvo de dores na coluna justamente em regiões hipermóveis ou regiões encurtadas, nesse contexto um trabalho de flexibilidade excessivo pode gerar prejuízos a saúde. Estas amplitudes máximas podem ser trabalhadas, em situações de carga mínima (ex: deitado), como sugere Blandine & Lamotte (1992), pois em pé e principalmente sentado (ação da gravidade é 4x maior na coluna) as vértebras ficam bastante instáveis nas flexões laterais (lombar sofre a maior pressão), os discos são pinçados, devemos pensar então em estabilizar esta parte mais móvel (lombar). 
        Bom, agora pergunto é ideal realizar o mermaid na cadeira em amplitude máxima para alongamento da cadeia muscular lateral em todos as idades (1ª foto)? E os alunos como frouxidão ligamentar, eles se “penduram” para sentir um limiar mínimo de estiramento, daremos um “nó” neles? É preciso aumentar essa frouxidão ligamentar deles? 
        A partir de um estudo mais detalhado da mobilidade da coluna, me surge todo esse questionamento, eu não quero dizer aqui o que não se pode fazer, veja bem: são questionamentos, conclusões de minhas análises e espero receber quem sabe contribuições suas também. Mas se trata de ao menos refletimos o porquê, quando e como fazer qualquer exercício, nesta ocasião o mermaid.
        Então no meio desta discussão qual seria a possibilidade de trabalhar tal exercício? Em particular eu o utilizo com outro foco, visando menos o alongamento da cadeia lateral, e trabalhar mais a mobilidade do gradil costal e o “espreguiçar” da musculatura intercostal, que caso o aluno possua o encurtamento na região, possa até sentir o reflexo de estiramento no dorsal. Outro aspecto é pensar sempre no alongamento axial (crescer) do lado côncavo também, trabalhando assim a musculatura na estabilização.  Vejamos um exemplo disso:

Ao partir de um ponto de alinhamento axial da coluna:
1-realizamos a flexão lateral da coluna em nível da torácica (T 11 e T 12) sentimos do lado côncavo (lado de dento do C* ) as costelas flutuantes “entrarem” na cintura e o lado convexo (lado de fora do *C ) alarga-se os espaços intercostais e o conjunto torácico se dilatada (mobilização), lembrar de manter a lombar estabilizada.
2- relaxe o outro ombro do lado côncavo;
3- e agora estique bem os braços, com pouca inclinação, mas na vertical, como se fosse pegar algo no alto. É neste momento que devemos orientar também o aluno, pois tende a dobrar os cotovelos ou inclinar muito, se pendurando na lombar. O aluno sentirá o alongamento do subescapular, redondo maior, intercostais e se ele não for muito alongamento, do dorsal também.
        Outra possibilidade, no cadillac estabilzando bem lombar e mobilizando o gradil, como na foto abaixo de minha mestre e amiga Silvia Gomes  extraída de seu blog.


Obs. Não estou dizendo que o exercício não deve ser feito nunca, apenas temos que pensar numa progressão pedagógica, propor nas aulas exercícios de estabilização para fortalecer a musculatura profunda e assim suportar uma carga maior, e se o objetivo for mesmo alongar a lateral, por que não fazê-lo em situação de menor carga como no step barrel (decúbito lateral)?
        Coloquei outra questão: o princípio do alongamento axial, é “quebrado” quando se realiza o movimento na amplitude máxima (1ª foto)? Bom em outro post vamos falar melhor sobre alongamento axial e tiramos as conclusões. Espero que tenham gostado e aguardo as contribuições de vocês. 
        Finalizo dizendo que nada é 100%, tudo deve ser questionado, o assunto acima é complexo. Afinal como diz um comercial da teve: "não são as respostas que movimentam o mundo, mas as perguntas".

Até mais! 


Fontes de imagens anatomicas e conteúdo: Blandine Calais-Germain. Anatomia para o movimento; Volumes I e II.

7 comentários:

Carol Dias disse...

Renata. Eu utilizo as flexões laterais mais quando eu quero aumentar a amplitude de movimento lateral do tronco em alunos muito rígidos, que pode ser no cadillac, na bola, no reformar com apenas uma mola leve,ou uso ainda a resistência,como na cadeira ou no reformer,a fim de aproveitar a resistência para fortalecimento do lado côncavo do tronco, e estabilização escapular e ombro. Já pensou nisso também? Bjos.

Renata Batista disse...

Oi Carol, fiquei um pouco em dúvida sobre o q vc quis dizer... mas vamos juntas. Vc disse: “Eu utilizo as flexões laterais mais quando eu quero aumentar a amplitude de movimento lateral do tronco em alunos muito rígidos”, isso é mobilizar certo? “Mexer” a coluna, ok. Está é uma das propostas do mermaid na cadeira, no cadilac ou reformer. A outra proposta é quando se utilizam para alongar o grande dorsal, é nesse ponto que eu questiono, justamente pq ele é um músculo muito grande, assim sendo sua alavanca de movimento tb. Pois ele se origina em pontos distantes’T 7 e L5, ainda tem fibras que se agrupam lá ombro, com isso qd se faz o movimento sem relaxar a musculatura (grande) e sem fazer crescer a musculatura profunda se comprimem os discos em demasia. Fazer crescer a musculatura do lado côncavo é uma proposta de Blandine para fortalecer a musculatura profunda, estabilizadora da coluna. No mermaid existe uma grande probabilidade de se “pendurar” na lombar, precisamos só ficar atenta tb a esse trabalho de fortalecimento da musculatura profunda, para suportar certas cargas. Bom tocando em outro ponto que vc disse tb: “com apenas uma mola leve,ou uso ainda a resistência,como na cadeira ou no reformer,a fim de aproveitar a resistência para fortalecimento do lado côncavo do tronco”. Na cadeira eu nem utilizo o apoio dos pedais, se meu objetivo for mobilizar o gradil, a coluna e espreguiçar os intercostais... eu uso o que a Silvia chama de pedalzinho da bicicleta, o link abaixo. E quanto usar resistência da mola para fortalecer o lado côncavo, não entendi muito bem o que tentou dizer, pois qd quero fortalecê-lo, tento criar espaço ali... como sugere Blandine. Vou fazer um post sobre isso. Obrigada Carol, espero ter esclarecido melhor, disponha... beijão!

http://pilatespaco.blogspot.com/2008/12/o-apoio-das-mos-braos-ombros-nas-barras.html

http://pilatespaco.blogspot.com/2009/02/flexoes-laterais-uma-sequencia.html

Patricia disse...

Oi Renata, encontrei teu blog a partir do blog Silvia Gomes, gostei mutio do post, parabéns.
Pois é, flexão lateral não é facil nao hihihih. Acredito que vc tocou num ponto bem interessante sobre a questão da pressão nos discos no sentido longitudinal quando estamos sentados, o que realmente passa despercebido, porque é normal pensar somente em nao exagerar nas flexões laterais nas lordoses.
Realmente se formos pensar na vertebras lombares recebendo a carga que vem de cima e mais o movimento de flexão lateral ou flexão lateral com rotação, a coisa pode piorar mais ainda. Realmente pensar em fazer flexão lateral no step barrel ou mesmo no Barrel em pé, seriam boas opções. Mas olha o que vc acha da opção de fazer o movimento de flexão lateral dinamico e estático? Qual delas seria melhor para a tal da mobilidade?
Realmente o teu post de alongamento axial e este casam muito bem, um depende do outro né...
Obrigada pela anteção
Beijo

Renata Batista disse...

Oi Patrícia, obrigada pelas palavras! Ganhamos muito em ser seguidores da Silvia, viu... rs
Essa questão que coloquei é muito complexa! Eu não entendi muito bem sua colocação. Se vc quer saber se para trabalhar mobilidade é melhor fazer dinâmico ou estático? Bom, mobilidade é mexer né... então se o objetivo for esse, vou preferir o dinâmico, estimular as flexões e extensões, as pontes... Foi isso q perguntou? Beijo!

Patricia Lobo disse...

OI Renata, entao minha dúvida é a seguinte. Imagine que quero ganahr extensão de coluna com meu aluno, o que seria melhor trabalho estático no Barrel por exemplo, mantendo a posiçaõ de extensão, ou fazendo o movimento de ir em extensão e voltar a neutro??
Acredito que com ganhos de extensão consequentemente irá ganhar mobilidade, agora qual dos dois é mais efetivo.
Obrigada e parabéns pelo seu blog tb

beijos

Renata Batista disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Renata Batista disse...

Bom, para se ganhar mobilidade podemos apostar nos dois tipos! Qd for fazer o estático no Barrel, bola, etc... de preferência pelos alongamentos, de no mínimo 30 seg, para realmente se ter um efetivo alongamento! Antes de 30 seg, é só um reflexo de estiramento! Quando trabalhamos alongamentos e mobilizações juntos... ganhamos mais movimentos!

Beijos Pati, volte sempre!